- O que você sentiu quando foi se
aproximando do mar?
- Fomos descendo a Serra e meus olhos
foram se projetando fixamente no Oceano Atlântico e então, finalmente, eu vi o
mar azul, não tão azul quanto tinha visto no cinema. A diferença era que esse
azul tinha o cheiro da maresia, aumentando ainda mais o meu fascínio pela
paisagem deslumbrante do litoral. Meu pai dirigia bem devagar, talvez por
cautela e também para aproveitar o espetáculo. Tinha visto algumas fotos dele e
do meu avô, falecido em 1966, os dois em trajes de viajantes e depois de sunga
numa praia de Santos, nos anos 40, provavelmente a do José Menino ou do
Gonzaga. Ainda hoje não consigo explicar direito o que eu sentia naquele
momento. A ansiedade para chegar rapidamente ao lugar para onde se viaja, tão
comuns nas crianças, em mim era uma ansiedade de quem buscava algo diferente no
horizonte. Mas a imagem do Atlântico penetrou na minha retina e tornou-se
inesquecível, assim como o cheiro de maresia.
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