Sócrates,
Platão e Aristóteles
Esses
três filósofos foram os inauguradores da filosofia ocidental como a que
concebemos ainda hoje em muitos aspectos. O período em que Sócrates, Platão e
Aristóteles despontaram é considerado como o período áureo da Filosofia, dada a
imensa contribuição deles para o avanço do pensamento filosófico.
Antes de se falar de Sócrates, Platão e
Aristóteles, é imprescindível, também, abordar sobre os sofistas que foram
pensadores contemporâneos a Sócrates e juntamente com ele, foram os primeiros
falar sobre as questões morais dentro do âmbito filosófico. Os sofistas eram
pensadores que realizavam viagens de cidade em cidade e, através de discursos
públicos, atraíam jovens discípulos, os quais pagavam taxas por essa educação
recebida. Apesar de serem pessoas muito refutadas por outros filósofos como
Aristóteles por exemplo, os sofistas exerceram um grande papel para a evolução
histórica da Filosofia.
As obras de Sócrates, Platão e
Aristóteles, serviram de base para toda a Filosofia na Idade Média,
Renascentista , Moderna e Contemporânea.
Grandes filósofos, de várias épocas da
história, têm suas bases nesses três pais da filosofia ocidental.
Homens como Gregório, Tertuliano Santo
Agostinho, São Tomaz de Aquino, no período entre a Filosofia Medieval e início
da Renascença. Outros como os iluministas Rousseau, Didderot, Voltaire e
Descartes e alguns mais recentes como Auguste Comte, Emannuel Kant, David Hume,
Friedrich Nietzsche, Michel Foucault, etc.
Sócrates
“Só sei que nada sei...”
Ateniense, viveu entre 469 e 399 a.C. Foi
um dos mais importantes precursores da Filosofia ocidental. Inspirado em boa
parte de seu pensamento pelas teorias do pré-socrático Parmênides.
Sobre Sócrates, o que temos de registros
são os escritos e os relatos de seus principais discípulos, que foram Platão,
Xenofonte e Aristófanes. Há, ainda, uma teoria que defenda que Sócrates era
nada mais que uma criação de Platão, ou seja, um personagem utilizado para
ilustrar pontos de sua obra; porém, sem comprovações determinantes para tal
constatação.
As três fontes mais relevantes sobre a
vida de Sócrates são as peças de Xenofonte, e os diálogos observados em quase
cem por cento dos escritos de Platão. Nos relatos dos diálogos de Aristófanes,
Sócrates é travestido de um personagem cômico, não sendo de alta relevância a
sua retratação, uma vez que, nem sempre nesse caso, é a expressão da realidade,
partindo do princípio de que Sócrates tenha de fato existido, o que é a versão
amplamente aceita, apesar de não haver obras de sua própria autoria encontradas
por historiadores e pesquisadores.
Sócrates é identificado pelos discursos de
Platão como um homem de uma mente concisa e rigorosa, que tinha o objetivo de
fazer seus compatriotas e concidadão chegarem ao pensamento racional, com o
intuito de se alcançar a verdade interior de cada um (“Conhece-te a ti
mesmo.”). Para tal, ele desenvolveu um método que acabou por identificar o que
era a maiêutica, que significa “parto de ideias”.
A maiêutica socrática consistia em se
realizar perguntas às pessoas com que ele se deparava a dialogar, perguntas
essas que, tinham dois estágios. No primeiro deles, Sócrates fazia perguntas
simples sobre assuntos que o indivíduo julgava conhecer bem. No segundo, essas
perguntas continuavam sendo feitas, de maneira simples e contextualizadas, mas
dessa vez, levando o indivíduo a questionar sua própria certeza, gerando,
assim, uma nova visão sobre um mesmo tema. Daí chamar-se parto, pois consistia
em literalmente dar à luz a novas ideias sobre assuntos até então esclarecidos.
Esse efeito de se interpelar a respeito
de suas próprias convicções era visto em Sócrates através de suas mais célebres
frases, quando nos mostra que o conhecimento humano era limitado por sua
própria ignorância, tais como:
“
Só sei que nada sei.”
“
Sábio é aquele que conhece os limites da própria ignorância.”
“
Inteligente é aquele que sabe que não sabe nada.”
Sócrates morreu em Atenas, em 399 a.C,
condenado sob a acusação de corromper a juventude ateniense e tentar introduzir
novos deuses naquele lugar. Sócrates, apesar de ser inocente, segundo
Aristóteles, não tentou fugir nem se livrar de sua condenação, apenas
argumentando convincentemente em sua defesa as razões de sua inocência. Ainda
assim, foi condenado a uma pena de morte por envenenamento, ingerindo uma
substância chamada cicuta.
Platão “Uma
vida não questionada não merece ser vivida.”
Também de Atenas, era filósofo e
matemático, fundador da Academia de Atenas, que foi a primeira instituição de
ensino superior do ocidente. Seu mentor, como relatado em suas obras, era
Sócrates e seu sucessor e pupilo era Aristóteles.
Platão nasceu entre 428 e 427 a.C e
viveu até 348 ou 347 a.C. É tido por muitos estudiosos como o maior dos
filósofos da antiguidade. Inicialmente, Platão teve sua introdução nos
pensamentos filosóficos por Crátilo, que era um discípulo do pré-socrático
Heráclito; porém, aos 20 anos, conheceu Sócrates e se tornou seu discípulo até
a morte do mesmo.
Para Platão, o homem estava inserido
em dois tipos de realidades diferentes, que eram chamados por ele de realidade
inteligível e a sensível. A primeira reflete aquilo que podemos distinguir e
expressar a outrem. É a realidade imutável das coisas. A segunda, como o nome
sugere, é aquela que afeta os nossos sentidos, que são dependentes e
modificáveis. Essa divisão das realidades em que o ser humano está em contato é
a famosa teoria das ideias de Platão.
Na concepção do filósofo, esse mundo da
realidade sensorial seria uma reprodução opaca e limitada do mundo inteligível,
que é o das ideias. O filósofo escreveu
em sua obra “O Simpósio”, também conhecida
como “ O banquete” uma experiência de Sócrates com a sacerdotisa Diotima de
Mantinea, que o teria iniciado na genealogia dos conhecimentos sobre o amor, de
onde surgiram as ideias do que conhecemos como “amor platônico”.
Platão, diferentemente da maioria dos
pré-socráticos, não buscava a essência da forma física das coisas, ele buscava
sim, a verdade essencial dessas coisas. Platão entendia que a essência do
conhecimento não estava nas coisas, que são corruptíveis e mutáveis. Como
filósofo, ele buscava a essência nas realidades imutáveis, nos fatos.
Como bom cidadão ateniense e admirador
das formas de organização do estado, Platão teve boa parte de sua vida dedicada
à política e à busca de uma conclusão a respeito de como seria a melhor forma
de governo para uma sociedade. Em sua obra “A República”, que também era um
diálogo socrático, ele cita os diversos tipos de governos existentes,
focalizando a obra no tema central, que era a justiça. Sócrates expõe, nesse
diálogo, que a melhor forma de governo seria exercida por um regime formado por
filósofos. Além de tratar também sobre questões metafísicas, como a
imortalidade da alma e o julgamento dos mortos.
Falando-se em questões imateriais, Platão
acreditava que o homem era dividido em corpo e alma. O primeiro era de caráter
material e mutável e corruptível. Já a alma, seria a porção divina do ser, a
parte imutável e perfeita.
Platão, por sua imensa sabedoria, chamou
a atenção de Dionísio I, rei da Sicília, que o levou para sua terra. No
entanto, ao confrontar Dionísio em suas limitações, esse se sentiu ofendido e
veio a vender Platão como escravo. Outros filósofos souberam da notícia e se
juntaram para comprá-lo de volta, e realizar o regresso à Grécia.
Aconselharam-no, então, de que os sábios não deveriam se unir aos tiranos.
Em seu retorno à Atenas, fundou a
Academia, instituição de ensino que foi ganhando imenso prestígio, procurada
por jovens de todas as partes em busca de conhecimento e também por homens
nobres e reconhecidos para debaterem ideias. Com a morte de Dionísio I em
367a.C, Platão retorna à Siracusa, na Sicília, a fim de introduzir sua
filosofia naquela sociedade; porém, o sucessor de Dionísio II, o sucessor da
corte, mais uma vez, impediu Platão em seus intentos. Uma terceira tentativa, em
361 a.C., de levar uma mentalidade de conhecimento à Siracusa também foi
frustrada. Contudo, em Atenas, a Academia se consolidava cada vez mais.
Platão permaneceu na direção dessa
instituição de ensino até sua morte, em 347 a.C, numa época em que Felipe da
Macedônia expandia seu domínio, chegando à Atenas. Uma das versões para a morte
de Platão seria a de que numa festa do povo, em comemoração ao seu 81º
aniversário, ele se afasta sozinho para um canto e ali teria expirado. Porém,
as causas reais da morte de Platão são desconhecidas.
Aristóteles Nunca existiu uma grande inteligência sem uma
veia de loucura...”
Aristóteles nasceu em Estagira, uma colônia
grega, em 384 a.C. Era filósofo, médico do rei Amintas III, da Macedônia, era
discípulo de Platão e tutor educacional de Alexandre, o Grande.
Junto
a Platão, seu mentor, e Sócrates, mentor de Platão, Aristóteles é tido como um
dos maiores filósofos da antiguidade e precursor da filosofia ocidental. Sua
obras tratam dos mais abrangentes e variados assuntos, dando ênfase no método
da retórica e fala desde a metafísica até música, governo, física e poesia.
Devido a essa versatilidade e polivalência
de conhecimentos, Aristóteles é alvo de admiração dos seus conseguintes
pensadores. O seu foco nas ciências físicas influenciou fundamentalmente a cena intelectual na Idade Medieval, cujos
princípios e ideias estiveram presentes nas influências dos principais
renascentistas.
No campo da metafísica, os pensamentos e
teorias aristotélicas tiveram muita influência na cultura e na teologia e nas
tradições judaico-islâmicas da Idade Média, continuando a ter influência no
cristianismo.
Foi considerado por Auguste Comte como “o
príncipe eterno dos filósofos” e por Platão como “o maior leitor do mundo”.
O filho de Nicômaco, por volta de 16 ou 17
anos de idade parte para Atenas, como a maioria dos jovens abastados da época,
a fim de dar prosseguimento em seus estudos. Ali, entra para a Academia
platônica, onde sobre a tutela de seu mentor intelectual permaneceu 20 anos,
até a morte de Platão.
Apesar de intelectualmente ser o mais apto
para assumir a direção da Academia, Aristóteles, por não ser grego, não assume
o posto, partindo para Assos com alguns alunos que compartilhavam da mesma
linha filosófica de Aristóteles.
Em
Assos, Aristóteles funda um círculo filosófico, com o apoio de Hérmias, que era
o tirano da época na região.
Aristóteles,
dentre a sua vastidão intelectual, se destacou nas áreas exatas da lógica,
física e biologia. Ele considerava a lógica, através do silogismo, como uma
base para o pensamento científico.
O conceito de física para Aristóteles, tem a
premissa no movimento.
O
filósofo ainda tinha uma teoria fundamental em sua concepção, em que muitos
pais da psicologia se inspiraram e se basearam. O conceito de psique e
intelecto partir da teoria aristotélica.
É
indispensável citar as inúmeras contribuições e avanços dos estudos de
Aristóteles na Metafísica, na Física, na Biologia, na Psicologia, ética e em
outras tantas áreas de conhecimento.
As
obras de Aristóteles são divididas pelos historiadores e pesquisadores em duas
distintas classes: as Esotéricas, que seriam obras técnicas com fins
acadêmicos, e as Exotéricas, destinadas
ao público geral. Porém, há uma hipótese de que todas as suas obras de caráter
popular, ou seja, exotéricas, tenham se perdido, uma vez que, o que se tem
conservado, são obras tipicamente dotadas de jargões e de uma linguagem técnica
que somente acadêmicos das escolas platônicas e aristotélicas da época poderiam
discernir.
Com a morte prematura de Alexandre, o
Grande, que era seu pupilo, em 323 a.C,
Aristóteles vê-se obrigado a sair de Atenas, para evitar sua morte,
visto que o pensamento antimacedônico, que era o que mantinha o reinado de
Alexandre, havia sido extinto e perseguido por Demóstenes, que reimplantou em
Atenas o partido nacionalista. No ano seguinte, isolado em uma habitação sua,
em Cálcis, faleceu aos 62 anos, em 322
a.C.
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