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BUSCA PELO SAGRADO:
O mito do herói e os ritos de passagem
O rito de passagem ou de
iniciação é um rito que marca a transição de um status social
ou sexual a outro. Ritualmente
reproduz o nascimento, a saída do bebê da barriga da mãe e a entrada para uma
nova realidade. Assim como no nascimento, o rito de passagem exige o desprendimento,
esforço, sacrifício. Em algumas culturas tais ritos são acompanhados de escarificações
e privações1.
“Numerosos investigadores têm enfatizado que a
compreensão da formação do mito requer o retorno para a sua derradeira fonte, a
faculdade da imaginação individual.
Comentando sobre o livro de Otto Rank, O mito do
nascimento do Herói, concorda que todos nós somos heróis ao nascer, quando
enfrentamos uma tremenda transformação, tanto
psicológica quanto física, deixando a condição de criaturas aquáticas, vivendo
no fluido amniótico, para assumirmos, daí por diante, a condição de mamíferos
que respiram o oxigênio do ar, e que, mais tarde, precisarão erguer-se sobre os
próprios pés.
Esta é uma enorme transformação, e certamente, um ato
heróico, caso fosse praticado conscientemente.3
Os mitos são frutos dos dramas infantis, segundo Otto
Rank. No caso do mito do herói, este decorre do drama do incesto. O filho se rebela
contra o pai para conquistar o amor
da mãe.
Esta é a tese do seu mentor, Sigmund Freud, que irá chamar
de complexo de Édipo.
A rebelião do filho contra também para conquistar a sua
independência. A eliminação do ego infantil é a maior das lutas na passagem do
jovem para o adulto.
Os embates internos
são muito mais difíceis e complicados do que combater outro ser humano. “Os
rituais das primitivas cerimônias de iniciação têm sempre uma base mitológica e
se relacionam à eliminação do ego infantil, quando vem à tona o adulto, seja
menina ou menino”.4
Tanto os meninos quanto as meninas experimentam mudanças
fisiológicas tão intensas
a ponto de provocarem uma mudança psicológica
transfiguradora, ou seja, a passagem não é apenas fisiológica, é sobretudo mental.
O embate mental independe do sexo, ou seja, é tão difícil
para o menino quanto para a menina fazer a transição para o adulto. Os ritos de
passagem seriam uma forma de resolver os conflitos entre a mente e o corpo.
A independência é conquistada quando o jovem se desprende
da dependência dos pais.
O primeiro passo para a independência é à oposição a ordem
vigente e todo herói começa como um rebelde.
“O próprio herói, como demonstrado pelo desprendimento dos
pais, começa sua careira em oposição à geração mais velha. Ele é ao mesmo tempo
um rebelde, um renovador e
um revolucionário. Entretanto, todo revolucionário é
originalmente um filho desobediente, um rebelde contra o pai.”5
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