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Vida fútil


 "Gabriela Pugliesi, a blogueirinha fit, postou no seu instagram que não tem nada melhor do que: “acordar, meditar, alongar, fazer atividade física, ir pra crioterapia e depois fazer drenagem!” Numa Segunda-feira. Não, ela não está de férias!

Ela recebe pra fazer atividade física, pra publicar as marcas que a patrocinam, pra divulgar a massagista, pra dizer que a vida é “mara” e que ela é muito feliz.

Ela também diz que Cúrcuma e Magnésio são “mara” e que fazem bem “pra tudo”. E aí, a Joana (nome fictício) vê isso.

Ela, Joana, acorda cedo, passa um café rapidinho, corre pro trabalho, come no refeitório do serviço, chega em casa depois das 19h, pega seu material de estudos e corre pro inglês. Volta, come qualquer coisa, e dorme porque “todo dia ela faz tudo sempre igual, se sacode às 6h da manhã”. Então, a Joana que é uma pessoa normal, começa a se sentir fracassada. Triste. Talvez seja falta de cúrcuma ?

Ela não consegue acordar, meditar, alongar, treinar, fazer crioterapia e drenagem.

Enquanto a blogueira faz drenagem, ela já está na segunda reunião. Entregando o quarto relatório do dia. E nem 10min de meditação ela consegue fazer!

E o que que essas blogueiras fazem pra humanidade, além de demonstrar uma vida fictícia que NINGUÉM normal pode ter?

E aí vemos jovens cada dia mais depressivos, pessoas cada vez mais imediatistas, profissionais mais frustrados e, a vida real, que era pra ser a vida realmente boa, mesmo com os seus tropeços, vai sendo vista como uma vilã cruel.

Um “coach de life style” se matou. Um tal de Coach Bueno. Desses que tinham a vida plena na rede social. Mas a vida real, que é boa mesmo com seus percalços, pesou. E ele não aguentou. Vejam só: a maioria dos influenciadores digitais se consultava com ele.

E ele? Se consultava com quem?

Em tempos de cúrcuma, magnésio, vida “mara”, água com limão de manhã, crioterapia, meditação e life style... eu fico com o churrasco, o arroz com feijão, a vida em família, a religião, a atividade física moderada, e um brigadeiro, que nunca matou ninguém de decepção."

(Texto: Valéria Araujo)

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